Quem acompanha os jornais do fim da Monarquia, especialmente o jornal católico “O Apóstolo” nota claramente a tristeza do povo, especialmente por ocasião do aniversário de Dom Pedro II no dia 2 de dezembro e sua morte dois dias depois no dia 4.
“Nesta semana, noticia O Apóstolo do dia 6 de dezembro de 1891, caiu o aniversário natalício de D. Pedro II que, não sendo lembrado pelo governo, que é essencialmente republicano, foi pelo povo que chora a monarquia que tivemos, e havendo missas em ação de graças pela saúde daquele que no exílio amava a pátria e a honrava com excesso, todos os templos estavam repletos de amigos particulares e políticos que o estremeciam, porque representava o princípio monárquico.
“Só ao governo não agradou esta recordação, por julgar que o povo queria no dia 2 restaurar a monarquia!”
Após relembrar que com certo deboche os benefícios da República, o editor assim continua:
“Enfim, está tudo desorganizado, anarquisado, revolucionado e não há homem que possa concertar ou dirigir a marcha deste infeliz Brasil, tão digno de melhor sorte.
“Estamos em verdadeiro caos, em escuro labirinto, donde é impossível sair-se, sob qualquer ponto de administração.
“No começo dizia-se que era por que estávamos em princípios, e era preciso que se reparasse os erros da monarquia, pouco depois, repetia-se que era porque os monarquistas governavam, mas agora que temos voltado à legalidade, a quem se deve atribuir tal desorganização?”
As notícias da época nos informam o mal uso do dinheiro público pelos militares que assumiram o governo republicano. O próprio Deodoro mandou que se fixasse uma placa na casa onde morava comemorativa do dia que de lá saiu para na Praça Dom Pedro II (hoje Praça 15) bradar “Viva o Imperador” e assim proclamar a República… Os desmandos eram muitos, por isso o povo lamentava e chorava.
Não vamos transcrever todas as notícias, deixamos abaixo os arquivos que poderão ser conferidos. Auxiliou-nos muito na pesquisa a Hemeroteca Nacional que preservou e mantem online a disposição de qualquer pessoa, os jornais antigos.
“Assim que se espalhou a notícia do falecimento do Sr. D. Pedro, as imediações das ruas Pasquier e de l´Arcade, para onde tem frente o Hotel Bedford, encheram-se de povo, que ainda não se havia recolhido e que mostrava o maior sentimento pela morte de um homem que é tão conhecido e respeitado aqui.” Informaram os telegramas publicados pelo Jornal do Comercio e republicados pelo O Apóstolo de 11 de dezembro.
Enquanto as notícias eram divulgadas pela imprensa no Brasil, o povo passava a manifestar seu luto pela morte de Dom Pedro II. Uma das formas era hastear a bandeira brasileira a meio pau. O governo militar, vendo nisso uma ameaça, obrigou a retirada das bandeiras, não deixando ao povo brasileiro senão manifestar sua dor nas orações privadas e nas igrejas. Prova de fraqueza e de infâmia.
Queria nossa Princesa Isabel um enterro singelo. Porém cedeu aos pedidos do Governo Francês que insistiu que nosso Imperador tivesse honras militares de Chefe de Estado. Enquanto o Brasil chorava, a França prestava as últimas homenagens a Dom Pedro II.
Abaixo publicamos as páginas do jornal O Apóstolo, onde o leitor poderá ter uma visão mais completa deste momento marcante para a história do Brasil, hoje, tão esquecido!