Em artigo de junho de 1993 publicado na revista www.catolicismo.com.br e que merece ser lido pelos monarquistas devido à atualidade do tema. C.A. analisa os resultados do Plebiscito de 1993. A monarquia tem espaço no panorama nacional e pode conquistar muita gente ainda. Vamos trabalhar, vamos agir, vamos explicar e argumentar que mudaremos a face do Brasil.
Alternativa Monarquia – socialismo – A Monarquia aponta para o futuro; o socialismo para o passado
C.A.
6.843.159 BRASILEIROS se pronunciaram pela Monarquia –– os números são oficiais –– no último plebiscito. Ou seja, mais de l0% dos que votaram. Equivale a dizer que, num grupo de dez eleitores brasileiros, um é monarquista. Isso não significa que os outros nove sejam republicanos, pois os votos anulados e os em branco somam 23,7%. Portanto, nesse mesmo grupo de dez patrícios nossos, se um é monarquista, apenas seis são republicanos, dois não escolheram e o último está dividido em proporções desiguais entre a República, a Monarquia e o não querer pronunciar-se.
Qual é a grande novidade nesse quadro? Evidentemente a de que a Monarquia aparece como força emergente. Quem, antes de se iniciar a campanha em torno do plebiscito, poderia imaginar que no Brasil quase sete milhões de pessoas são monarquistas? E foi nos Estados habitualmente tidos como dos mais progressistas –– Rio e São Paulo –– que a Monarquia obteve melhor votação.
Ela saiu de um profundo e escuro abismo, no qual a haviam sepultado, não só o golpe de Deodoro em 1889, mas todas as Constituições republicanas (excetuada a última), que proibiam a propaganda monárquica. Após mais de cem anos, o ideal monárquico ressurge, e logo de uma vez como sendo a corrente de ideias que mais cresceu nos últimos anos. Nenhum partido político, nenhuma corrente de ideias obtiveram em nossa Pátria, no curto lapso de tempo de quatro anos, tantos aderentes!
E, note-se, durante a campanha que precedeu o plebiscito, tentou-se tudo para desacreditá-lo: Em vão!
Brincadeiras apalhaçadas, boatos maledicentes como o de que a Monarquia pretendia restaurar a escravidão, etc. Nada disso demoveu os milhões de patrícios nossos que votaram pela Monarquia.
E feito o plebiscito, se a Monarquia não venceu –– até longe disso––, ela entretanto se afirmou como força moral e mesmo política em ascensão.
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Se a Monarquia –– até há poucos anos apresentada por certa mídia como instituição apenas do passado e já cheirando a mofo –– agora se afirma como força em franco crescimento, o que haveria a dizer do socialismo, que essa mesma mídia, nesses mesmos anos, apontava como a realização do desejo incontenível das massas modernas’? Ei-lo que vai degringolando a olhos vistos, e tomando já o aspecto de peça de museu de mau gosto.
Não falemos da grande catástrofe socialista que foi o desmoronamento do império soviético. Mas falemos do socialismo que nos era apresentado como modernizado, ágil, autogestionário, o socialismo francês que chegou ao poder com Mitterrand (ver artigo nesta mesma edição).
As últimas eleições na França trouxeram-lhe uma derrota tão fragorosa que, no dizer do conhecido articulista de esquerda, Alain Touraine, o Partido Socialista se vê ante a alternativa de desaparecer ou mudar completamente. E mudar completamente não é senão outro modo de desaparecer …
Analistas políticos dos mais conceituados como Guy Sorman, Louis Pauwels, por exemplo, afirmam taxativamente que a espetacular derrota socialista não se deveu a problemas econômicos, mas foi a concepção que o socialismo tem do homem, do mundo e das coisas –– visão moral e cultural –– que os franceses rejeitaram em massa. Ou seja, é a própria essência do socialismo.
É por essas e por outras que, no Brasil, Brizola vai cada vez mais passando do vermelho para o cor-de-rosa, e Lula, com as bênçãos de Amato, vai-se ajeitando: agora usa paletó e gravata e aparece com empresários. Oportunismo de políticos, dirá alguém. Seja. Mas é um oportunismo revelador de mudanças profundas na opinião pública.
Dessa forma, para quem não se contenta com uma visão míope das coisas –– para a qual só interessa a atual composição das forças políticas –– mas queira lançar um olhar interrogativo e previdente para o futuro, não pode deixar de considerar que o socialismo vai derivando para ser uma força do passado, enquanto a Monarquia se afirma como componente do futuro.
Duas forças políticas em confronto? Muito mais do que isso: duas concepções de vida em conflito.