Em um evento grandioso, a britânica foi responsável por diversos feitos inéditos em cerimônias da Família Real Britânica
WALLACY FERRARI
Após o falecimento de seu pai, o rei George VI, em 6 de fevereiro de 1952, a princesa Elizabeth Alexandra Mary teria a difícil missão de assumir o trono mais importante da monarquia britânica. Na ocasião, a inglesa tinha com 25 anos e fazia uma visita ao Quênia quando, às pressas, retornou para seu país-natal.
Buscando respeitar o luto após o falecimento de seu antecessor, Elizabeth marcou a coroação no ano seguinte ao episódio, em 2 de junho de 1953, possibilitando também a realização de uma deslumbrante cerimônia que movimentou toda a cidade de Londres. O local escolhido foi a Abadia de Westminster, mesmo local onde a jovem havia se casado com Philip Mountbatten, quatro anos antes.
Separada em seis atos — reconhecimento, juramento, unção, investidura, entronização e homenagem — o evento começaria às 11h15 e teria de disponibilizar o máximo de segurança para todos os 8.251 convidados de mais de 129 países, além da imprensa, que contava com mais de 2.500 jornalistas e fotógrafos credenciados de 92 países.
Exclusivos da rainha
Alguns privilégios, nunca antes vistos em cerimônias de coroação, se tornaram tradições em ocasiões da monarquia britânica; o evento foi o primeiro a ser transmitido na televisão com a disponibilidade de geração de imagens em cores. A filmagem colorida possibilitou o registro de cada um dos adereços da rainha com minuciosos detalhes.
Algumas tradições também foram herdadas, como o uso do anel da coroação, que esteve presente no reinado desde 1831, e a coroa de Santo Eduardo, com mais de 2 kg de ouro maciço, porém, o frasco que continha o óleo de unção, usado há centenas de anos para velar a coroação, havia sido destruído por explosivos em um ataque, logo, Elizabeth teve de ser banhada com um óleo completamente novo, distinto do mesmo lote de seu pai.
Milhões de simpatizantes
Durante a cerimônia, a polícia estimou que 16 mil pessoas aguardavam a rainha recém-coroada na entrada da abadia, além de 27 milhões acompanhando a transmissão televisiva apenas no Reino Unido, sem contabilizar as transmissões internacionais.
Um dos espectadores foi o príncipe Charles, o primeiro a testemunhar uma mãe sendo coroada rainha. A princesa Anne, na época com 2 anos de idade, não foi levada para a cerimônia por ser considerada muito nova e dispersa.
Após jurar o cumprimento da lei e governar com responsabilidade da Igreja da Inglaterra, Elizabeth realizou uma rota de 7,2 quilômetros para o Palácio de Buckingham em um trajeto projetado para que fosse vista pelo maior número de simpatizantes possível pela cidade, visto que diversos turistas se deslocaram para Londres apenas para acompanhar a cerimônia.