A Folha de S. Paulo (25.nov.2007), em uma reportagem de Sylvia Colombo, de quase uma página do Caderno Mais!, dedicado à vinda da Família Real portuguesa para o Brasil, entrevistou o Príncipe, Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil:
Numa grande, porém discreta, casa no bairro do Pacaembu (São Paulo), onde funciona a sede da Casa Imperial do Brasil, dom Luiz de Orleans e Bragança, 69, viu no episódio um bom sinal.
“A repercussão mundial da fala do rei mostra o carisma que a monarquia ainda possui. Chávez é um demagogo mal-educado, mas, quando apareceu o rei da Espanha, com séculos de tradição atrás de si, ele se sentiu inibido”, disse, em entrevista à Folha, na sala decorada com brasões do império.
Dom Luiz é bisneto da princesa Isabel e trineto de dom Pedro 2º. Nascido na França, para onde a família real foi obrigada a se exilar por ter sido banida pela República, veio ao Brasil pela primeira vez quando já tinha 7 anos.
“Lembro-me como se fosse hoje. Foi durante a Segunda Guerra Mundial, e me recordo das pessoas no navio comemorando quando o Japão pediu a paz. Quando cheguei ao Rio, havia uma névoa, e só se podiam ver nesgas do Pão de Açúcar. E eu, que até então me sentia totalmente em casa na França, pensei: ‘Aqui nós temos uma missão’.” ….
Bem mais conservador que a linhagem de Petrópolis – à qual pertence, por exemplo, o festeiro e parlamentarista dom João, de Paraty -, o ramo de Vassouras dedica-se à divulgação da causa monarquista e à arregimentação de defensores do regime pelo país.
Em 1987, durante a Assembléia Nacional Constituinte, dom Luiz escreveu cartas aos parlamentares brasileiros para pedir o fim da cláusula pétrea, que dizia que não podia ser colocada em discussão a forma republicana de governo. “Eu defendia que a cláusula era sumamente contrária aos princípios democráticos que os próprios parlamentares diziam professar. Afinal, era uma injustiça permitir que o Partido Comunista existisse e não permitir a existência dos monarquistas.”
Já em 1993, quando houve o plebiscito para decidir entre os três sistemas – presidencialista, parlamentarista e monarquista -, dom Luiz e seus irmãos se engajaram na luta por este último. ….
Para ele, a forma ideal para o Brasil seria uma monarquia constitucional parlamentar.
“O ideal seria que o regime tivesse algo de monárquico, algo de aristocrático e algo de democrático, com um Senado vitalício, uma Câmara de deputados eleita a cada quatro ou cinco anos, um Judiciário e um Legislativo independentes e um Executivo exercido por um primeiro-ministro, indicado pelo soberano, de acordo com a maioria parlamentar do momento. Além do Poder Moderador, que era algo genial que nossa Constituição do império tinha e que depois outros países, como a França, quiseram copiar”, diz.
Dom Luiz é também um entusiasta defensor das iniciativas de dom João 6º.
“É preciso reforçar que dom João 6º não saiu fugido do Brasil, nem que era um bobalhão, como se diz hoje. As pessoas também falam que era um sujeito indeciso, mas a verdade é que era um tipo tranqüilo, que tocava as coisas com muita esperteza. Foram impacientes com ele. É verdade que não era um homem bonito, não podia ser considerado um Adônis, mas até aí…”
Na comemoração dos 200 anos da vinda da família real, dom Luiz diz que gostaria de ser ouvido e que se pensasse em reescrever os livros escolares de história. “Houve uma campanha sistemática para denegrir nosso passado imperial e os grandes vultos desse período. Depois vieram os marxistas, que, com sua visão dialética, só vêem a luta de classes, e nunca a paz”.”
Radar da mídia: Dom Luiz, Príncipe com estatura de estadista.
Um grupo de amigos reunidos para divulgar, difundir, apoiar, os esforços de todos os brasileiros para restaurar a forma monárquica de governo.