M.E.A – Qual o seu papel, dentro do Monarquia em Ação?
MFD – Coordenador. O movimento Monarquia em Ação nasceu a partir das conversas e reflexões de um grupo de amigos, reunidos através da internet. Juntamente com Sandra Franco, professora universitária no Rio de Janeiro, André Fernando Garcia, advogado residente em Ponta Grossa, e um universitário de Goiás, António Gueiros, iniciei este movimento. Em seguida veio nos ajudar na coordenação um promotor público pernambucano, Quintino Geraldo Diniz de Melo, cujo pseudônimo é “Miguel Saquarema”.
M.E.A – Como avalia os primeiros passos desse movimento recém-criado?
MFD – As adesões são muitas e vão se somando dia a dia. Contamos em nossos quadros com gente ativa, dos mais variados perfis, mas que admira a monarquia e luta pela sua restauração. Muitos deles são veteranos monarquistas que desde a época do plebiscito têm prestado relevantes serviços. E também há muitos jovens que acabaram de tomar contato com a causa monárquica. Para estes, com certeza o movimento será uma escola de formação; para aqueles, representa a continuidade e fidelidade na militância. Graças ao impulso dos veteranos, o movimento em poucos dias se tornou uma realidade, surgindo com muito dinamismo e força de expansão. Mas é evidente que a participação dos jovens lhe trará muito mais garra e vida.
M.E.A – Qual o campo de ação do movimento?
MFD – Estamos com duas linhas principais de ação atualmente. Este é o nosso começo: o lançamento do blog e a criação de uma comunidade e fórum no Orkut. Para o futuro, vamos estudar a conveniência do lançamento de um site. Além disso, estamos desenvolvendo outras iniciativas de caráter não-virtual, que serão divulgadas pelo blog e comunidade na ocasião oportuna.
M.E.A – O blog criado tem o objetivo de tomar a liderança e se tornar o quartel-general do movimento monárquico?
MFD – De jeito nenhum. Seria uma tolice pensar uma coisa dessas! Só quem desconhece a estruturação e a vida interna do movimento monárquico poderia ter esse objetivo. Como órgão de coordenação superior do movimento monárquico já existe há muito tempo o Pró-Monarquia, que atua sob comando direto da Família Imperial. Para os demais movimentos, os Círculos Monárquicos, por exemplo, vigora o princípio da subsidiariedade, que lhes assegura autonomia para realizarem os seus fins, sempre em consonância com o Pró-Monarquia e a Casa Imperial. Face a essa estrutura funcional e orgânica, a meu ver, não há necessidade de se criar uma federação das associações monárquicas.
M.E.A – Como se dará o relacionamento com os outros movimentos monárquicos?
MFD – Temos a intenção de estabelecer com todos um relacionamento harmônico e cordial. Não queremos competir, viemos para somar. Não nascemos para atrofiar nenhum deles. Nem queremos crescer à custa da diminuição de qualquer segmento monarquista. Nossa atuação visa preencher uma lacuna, vamos agir sobretudo na internet. Os blogs e as comunidades do Orkut têm um dinamismo – na divulgação de eventos, entrevistas, artigos etc., – que não é próprio a um Círculo Monárquico ou a um boletim monárquico. Qualquer movimento monarquista pode se servir do Monarquia em Ação para divulgar, através da internet, por meio de nosso blog e comunidade, a sua própria atuação. Somos o retrato on line da atividade de todos os movimentos monárquicos brasileiros.
M.E.A – Mas como se dará o relacionamento com grupos monárquicos que não reconhecem a legitimidade de D. Luiz?
MFD – Não sei. Não depende só de nós. Relacionamento supõe pelo menos dois. Posso falar pelo nosso lado. De nossa parte, será um relacionamento cortês, procurando a conjunção de esforços. O ramo de Petrópolis, como é conhecido, possui uma inegável presença na vida social nacional. E no exterior, possui vínculos familiares com a casa real francesa e espanhola. E com tantas outras casas da alta nobreza. São recursos valiosos que poderiam servir à causa monárquica no Brasil. E estão inativos. Mas somos transparentes e sinceros: o direito fala a favor da legitimidade de D. Luiz. E é de bom senso (de justiça, também, é claro) não começar por uma ilegitimidade uma ação, cujo objetivo é sanear a vida política do Brasil. Seria incoerente. O que mais conviria aos anseios do Brasil profundo, seria a convergência dos dois ramos, sem prejuízo do direito e da justiça. Que essa situação anômala cessasse, isso só favoreceria a consecução dos objetivos monárquicos. E tenho confiança que um dia cessará, pois estou certo que minha opinião é compartilhada pela compacta maioria dos monarquistas no Brasil.
M.E.A – São reais as possibilidades de uma restauração monárquica no Brasil?
MFD – A restauração não depende da contratação de um marqueteiro mágico, que faça uma maquiagem em nossos Príncipes, modelando um discurso populista, um new look mais a gosto da mídia. A mudança não se faz a golpes de publicidade. Sem dúvida ela foi importante, desde a ascensão de Hitler até a reeleição de nosso atual presidente. Mas há uma coisa muito misteriosa na opinião pública, à maneira de um pêndulo num relógio, que é o fator que considero decisivo. O pêndulo está num lado e, ao se movimentar, um dinamismo o impulsiona para o lado oposto. Assim é a opinião pública. Ela se encontra no momento artificialmente anestesiada, abúlica. Sente-se ameaçada pelo caos e a insegurança, e envergonhada pelos ininterruptos escândalos nas esferas oficiais do Poder republicano. Em certo momento ela vai despertar, e se sentirá atraída pela estabilidade, segurança e ordem, proporcionadas pelo regime monárquico. Será então a hora da restauração da monarquia no Brasil. Tonificar as apetências profundas, robustecer as esperanças, contribuir para a criação desse clima, tarefas que reputo de extrema importância, são o objetivo do movimento Monarquia em Ação. E então a monarquia poderá voltar nos braços do povo. No presente quadro, não vislumbro outra possibilidade.
Um grupo de amigos reunidos para divulgar, difundir, apoiar, os esforços de todos os brasileiros para restaurar a forma monárquica de governo.