Segue a polêmica em torno do gesto simbólico organizado por um grupo monarquista Português, hasteando a bandeira da monarquia onde estava a bandeira da Municipalidade lisboeta. D. Duarte elogiou, os republicanos ridicularizaram, mas os jovens continuam auferindo os destaques na mídia portuguesa.
D. Duarte elogia bandeira que ‘restaura’ monarquia
por EVA CABRAL11 Agosto 2009D. Duarte elogia bandeira que ‘restaura’ monarquia
Cerca de 99 anos depois de a bandeira da República ter sido hasteada nos Paços do Concelho de Lisboa, ontem deu-se uma iniciativa inversa. A bandeira da monarquia flutuou até ao final da manhã e a autarquia lisboeta garante que já apresentou queixa contra os autores da iniciativa, elementos do blogue 31 da Armada, que prometem repetir acções deste tipo
“Restaurar a legitimidade monárquica” é o objectivo assumido pelo blogue 31 da Armada, que hasteou na madrugada de ontem uma bandeira azul e branca na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa, precisamente no mesmo local onde, há quase 99 anos, foi proclamada a instauração da República. Subindo – por uma escada de três metros – à varanda, os bloggers hastearam a bandeira monárquica e levaram consigo a bandeira do município, facto que levou a Câmara de Lisboa a referir, em comunicado, ter avançado já com “a apresentação da respectiva queixa” às entidades competentes.
Rodrigo Moita de Deus, um dos fundadores e autores regulares do bloque – disponível na Internet em http://31daarmada.blogs.sapo. pt/ – adiantou ao DN que “em nenhum caso houve qualquer falta de respeito para com os símbolos nacionais” (ver entrevista na última página).
A acção é explicada pelo próprio blogue que assume que “durante a madrugada, e apesar da forte vigilância policial, elementos do 31 da Armada subiram heroicamente até à varanda do Paços do Concelho e hastearam a bandeira azul e branca”.
Os monárquicos lembram que “há 99 anos atrás, no dia 5 de Outubro, um punhado de homens, contra a vontade da maioria dos Portugueses, tinha feito a mesmíssima coisa proclamando assim a república. O resto do país ficou a saber por telegrama”.
O blogue refere que, “aproveitando as férias de Verão e numa inédita acção de guerrilha ideológica, foi restaurada a legitimidade monárquica”. Avisam ainda os portugueses de que “podem permanecer calmos nas vossas casas: foi restaurada a monarquia. E o país fica a saber pela internet”, avisando mesmo que este “é o contributo do 31 da Armada para as comemorações do Centenário da República”.
A iniciativa deste grupo é vista de formas muito diferentes na sociedade portuguesa, onde a Constituição da República proíbe mesmo que se leve a referendo a questão da monarquia.
“Estou muito satisfeito” referiu D. Duarte de Bragança ao saber da iniciativa pelo DN. O pretendente à coroa portuguesa frisou “apoiar todas as acções que se traduzam no reforço do sentimento de patriotismo e da divulgação do que é a história de Portugal”.
“Contrariamente ao que por vezes se pensa, todas as bandeiras que representaram Portugal continuam a ser bandeiras nacionais”, diz, lembrando ainda: “no Colégio Militar, a instituição mantém precisamente as várias bandeiras da monarquia portuguesa bem como a da República pois “todas elas representam Portugal”.
Já a autarquia lisboeta, num curto comunicado, tomou posição face à inédita iniciativa: “a CML retirou da varanda principal dos Paços do Concelho uma bandeira azul e branca com as armas da monarquia que durante algumas horas ali esteve hasteada, substituindo indevidamente a bandeira com as armas da cidade que entretanto desapareceu”.
A autarquia acrescenta mesmo que, “na sequência do incidente, o Município de Lisboa tomou medidas no sentido de averiguar as circunstâncias em que este ocorreu, tendo participado o caso às autoridades competentes”.
O Ministério da Administração Interna, a meio da tarde de ontem, desconhecia a intervenção do blogue na colocação da bandeira da monarquia na CML e, até à hora de fecho desta edição, não prestou nenhum esclarecimento.
As instalações do MAI estão paredes meias com o edifício dos Paços do Concelho, numa zona onde existe igualmente o Tribunal da Relação de Lisboa e vários outros edifícios públicos, já que se trata de uma área vizinha com o Terreiro do Paço (ver infografia).
Do lado republicano, a acção foi vista com crítica, mas sem que lhe seja dada particular destaque. “Uma brincadeira irrelevante” assim a qualificou ao DN António Reis, Grão Mestre do Grande Ori- ente Lusitano (GOL).
Já Ricardo Alves, presidente da Associação República e Laicidade, frisou que não compreende “o que significa este tipo de acção”. Ao DN, diz que”não se percebe se em causa está restaurar a monarquia que caiu a 5 de Outubro, se restaurar o Estado Novo ou defender uma ligação com Espanha que é quem neste momento na Península Ibérica é uma monarquia”.
Com ironia, Ricardo Alves questiona mesmo ” quem foi o rei durante as varias horas em que a bandeira esteve hasteada?” No blogue identificava-se apenas como “rei”… Darth Vader, personagem da saga “Guerra das Estrelas”. Na acção, os bloggers monárquicos também usaram a máscara de Vader.
Um grupo de amigos reunidos para divulgar, difundir, apoiar, os esforços de todos os brasileiros para restaurar a forma monárquica de governo.