Sociólogo defende a Restauração da Monarquia no Brasil
Publicado em O RECADO NEWS, setembro de 2013
Em entrevista exclusiva o jornalista, escritor, sociólogo e filósofo Sonir José Boaskevicz – ou José Boas, para facilitar – apresentou uma série de argumentos para justificar uma posição que, para muitos, é polêmica e até absurda: a restauração da monarquia em nosso país.
"… a república foi instalada por um golpe de Estado em 15 de novembro. O povo não participou do processo, não foi consultado, não houve plebiscito ou referendo, o Congresso foi fechado..." |
O RECADO – Por que defender a monarquia?
José Boas – Primeiro porque a república foi instalada por um golpe de Estado em 15 de novembro. O povo não participou do processo, não foi consultado, não houve plebiscito ou referendo, o Congresso foi fechado… ocorreu porque um grupo de grandes cafeicultores se sentiu preterido pela Coroa quando foi promulgada a Lei Áurea, ficando sem um contingente de escravos considerável; por outro lado, alguns militares, usando como desculpa a ideologia positivista, mas na realidade magoados em suas vaidades por não terem recebido o reconhecimento que acreditavam merecer após o término da Guerra do Paraguai, resolveram dar o golpe. Em segundo lugar, defendo a monarquia porque enquanto ela foi o modelo para o Brasil, nossa economia cresceu de maneira sólida e constante, sendo que nosso PIB foi multiplicado quinze vezes em menos de setenta anos. Em terceiro porque a educação brasileira formou grandes mentes reconhecidas aqui e lá fora, mesmo com as dificuldades existentes na época e, por fim, defendo o retorno da monarquia porque ela mantinha uma política de austeridade fiscal que hoje só existe em teoria. Naquela época o dinheiro público era gasto com a coisa pública, não com interesses de grupos econômicos ou ideológicos.
O RECADO – Mas então, na opinião do senhor, a república não foi um avanço?
José Boas – Para falar a verdade foi um grande retrocesso para toda a sociedade brasileira desde o começo. Contra ela se levantaram intelectuais da alçada de Joaquim Nabuco, Lima Barreto, Euclides da Cunha e Monteiro Lobato, por exemplo. Ela se mostrou um erro tão grande que, poucos anos depois da proclamação, Ruy Barbosa e Affonso Arinos (que apoiaram a queda da monarquia) reconheceram seus erros em pronunciamentos públicos famosos até hoje. Para citar apenas dois exemplos claros e conhecidos: logo após o golpe, o marechal Deodoro da Fonseca – primeiro presidente da república – mandou duplicar o próprio salário, passando de sessenta contos de Réis, que era o salário pago ao Imperador anualmente, para cento e vinte contos de Réis sob a desculpa que Dom Pedro II “se contentava com muito pouco”; o segundo exemplo: o dinheiro dos impostos, que era aplicado pelo Estado para melhorar a educação, fortalecer as forças armadas, equipar o corpo de bombeiros e fomentar a interiorização do Brasil, passou a financiar os interesses dos cafeicultores que apoiaram o golpe, mantendo o preço do café rentável no mercado internacional… ou seja, na república, enquanto os cafeicultores (que não eram barões coisa nenhuma) ficavam cada vez mais ricos com a transferência do dinheiro do povo para seus bolsos, os trabalhadores e a sociedade em geral viam suas escolas, segurança e saúde pública irem cada vez mais para o buraco, como continua a acontecer até hoje. Basta ver como o atual governo repassou R$ 10 bilhões para o Eike Batista sem qualquer garantia de pagamento… ou seja, enquanto a monarquia sempre pensou em fazer um Brasil para os brasileiros, a república se especializou em fazer um governo para poucos, deixando apenas as migalhas para o povo.
O RECADO – Mas e a questão dos escravos?
José Boas – Excelente pergunta! Uma coisa que temos que ter em mente é que a economia brasileira da época girava em torno do sistema escravagista, mas desde a outorga da Constituição de 1824 havia a previsão de que o sistema da mão-de-obra escrava deveria acabar em breve. E isso foi feito!
O RECADO – Como? O Brasil não foi o último país a abolir a escravidão?
José Boas – Se olharmos apenas para o calendário, sim. Mas temos que levar outros fatores em consideração, como por exemplo, o período que o Brasil independente permaneceu ligado ao sistema de mão-de-obra escrava… é aí que a coisa muda de figura radicalmente. Nesse caso, o Brasil permaneceu sessenta e seis anos sob o regime da escravidão, de 1822 a 1888; já os Estados Unidos, por exemplo, tiveram escravos por noventa anos depois de sua independência. Outro fator que temos que levar em conta é a liberdade racial existente no Império, pois os negros alforriados podiam votar, ter propriedades e crianças negras e brancas iam à escola juntas, tanto é que foi nesse período que tivemos o maior número de intelectuais negros atuando na imprensa e na política nacional. Eram amigos pessoais da Princesa Isabel pessoas como André Rebouças, a família de Lima Barreto, José do Patrocínio e Machado de Assis – todos negros; já nos Estados Unidos o regime de segregação dura até hoje. A república feita pelos fazendeiros escravocratas, apoiados pelo racismo positivista da época, transformou os negros brasileiros a partir de 1889 em uma sub-classe, jogando-os à margem da sociedade, nas favelas que surgiam em torno das principais cidades do Brasil.
O RECADO – E com a monarquia teria sido diferente?
José Boas – Não há dúvidas disso! A Princesa Isabel tinha uma mente bastante avançada para sua época. Ela era formada em Química, falava seis idiomas e era abolicionista. Graças ao dinheiro que ela tirou do próprio bolso, mil escravos foram comprados e libertos; em carta a Dom Pedro II ela pediu que todos os seus criados ainda escravos fossem alforriados e a eles fosse pago o mesmo salário dado aos criados brancos; defendia, com Joaquim Nabuco a proposta de que, uma vez promulgada a Lei Áurea, todas as famílias livres deveriam receber um pedaço de terra do Estado para ter de onde tirar sustento digno e, além disso tudo defendia abertamente que, assim que assumisse a Coroa, iria mandar ao Congresso um Projeto de Lei dando o direito ao voto para as mulheres, coisa que só aconteceu na república quarenta anos depois, já no governo Vargas.
O RECADO – Mas a monarquia no mundo não é um sistema atrasado?
José Boas – Esse é um erro comum ao qual somos induzidos. Na realidade, dos dez países com melhor IDH do mundo, sete são monarquias; dos dez países que mais investem em educação de base, seis são monarquias; dos dez países menos corruptos do mundo, sete são monarquias; dos dez governos mais baratos do mundo, também seis são monarquias… Melbourne, na Austrália – uma monarquia – foi considerada pelo terceiro ano consecutivo a melhor cidade para se viver no mundo; a Dinamarca é considerada também o país cujo povo é o mais feliz; o país que mais investe em tecnologias limpas do mundo é a Nova Zelândia, outra monarquia; o país que tem o governo mais barato é outra monarquia: a Espanha; o parlamento em que o número de homens e mulheres é mais igual é a Suécia, outra monarquia! Por outro lado o Brasil republicano figura entre os países mais corruptos (8º.), com pior educação (88º.), com pior IDH (65º.), com governo mais caro (5º.), com a maior carga tributária (1º.), com maior desigualdade social (7º.) e com o congresso mais caro (5º), se igualando a países paupérrimos como a Nigéria, o Quênia, o Camboja e o Paraguai.
O RECADO – E como mudar tudo isso?
José Boas – Os monarquistas brasileiros são unânimes ao afirmar que o Brasil só tem um caminho: a educação! Era a principal bandeira de Dom Pedro II, que uma vez pediu que não se fizesse uma estátua em sua homenagem e que do dinheiro arrecadado fosse usado para que se construísse uma escola. Os atuais Príncipes do Brasil também são categóricos nesta ideia, afirmando que onde não há educação de qualidade não pode haver desenvolvimento, muito menos justiça social.
O RECADO – Para quem quiser agendar uma palestra do senhor para saber mais sobre o tema, como pode fazer?
José Boas – Pode acessar o meu site: jboas.restaurador, ligar para meu gabinete no (61) 9697-7799 ou, ainda, pelo meu blog www.joseboas.blogspot.com.br Estou à disposição. Muito obrigado a O RECADO pela oportunidade.