História República

Há 125 anos 185 pessoas eram fuziladas na Ilha de Anhatomirim

Por Moacir Pereira
O dia 24 de abril de 2019 tem significado histórico para Santa Catarina. Há 125 anos era fuzilado na Fortaleza Santa Cruz, na Ilha de Anhatomirim, o Marechal Manoel de Almeida Gama Lobo D’Eça, Barão do Batovi, e outras 184 pessoas, entre catarinenses e até estrangeiros.

Ordens do presidente Floriano Peixoto, determinado a sufocar a qualquer custo a Revolução Federalista de 1893, informam alguns historiadores; decisão pessoal do coronel Moreira Cezar, interventor federal, considerado violento e radical que viria a morrer em Canudos, na Bahia, alegam outros estudiosos.

A verdade é que o sangrento episódio mudou a vida de milhares famílias e também de Santa Catarina. A partir dos fuzilamentos um clima de revolta predominou na antiga Desterro. 

O início da pacificação viria com o governo de Hercílio Luz, cinco meses depois, com sua eleição e posse, resultando na mudança do nome de Desterro para Florianópolis, “a cidade de Floriano”,  em homenagem ao marechal Floriano Peixoto.   

A chacina de Anhatomirim marcou um dos acontecimentos mais trágicos da história catarinense por incluir no fuzilamento respeitáveis lideranças militares,  autoridades civis de grande prestígio e famílias tradicionais.

Entre as vítimas estava o desembargador Francisco Antônio Vieira Caldas. Seu filho, Francisco Antônio Caldas Júnior, transferiu-se para Porto Alegre, em decorrência da violenta injustiça contra o pai, onde fundou o jornal “Correio do Povo”, durante muito tempo o principal jornal do Rio Grande do Sul e título de circulação e prestígio nacional na segunda metade do século XX.

Fato curioso, pouco conhecido: o marechal Floriano Peixoto sucedeu o marechal Gama D’Eça na presidência da Província do Mato Grosso em 1894.  Portanto, quando mandou o cel. Moreira Cezar para sufocar a Revolução Federalista em Santa Catarina tinha detalhes das principais lideranças militares em Desterro.