Entrevista do Principe D. Luiz

Video da Entrevista do Principe Dom Luiz publicado na Folha Online

Trechos da Entrevista:

Folha Online – Como é viver hoje como herdeiro dinástico 200 anos após a chegada da família real ao Brasil?
Dom Luiz de Orleans e Bragança – Vivemos sem luxo nem esplendor. Vivemos com os recursos que nós temos, que não são muito grandes. Alguns [dos herdeiros] têm empregos, outros vivem –como meu irmão d. Bertrand e eu– de auxílio de monarquistas que nos ajudam a tocar a vida mas sem nenhum luxo –como você pode ver essa casa não é um palacete, é uma casa média. Vivemos procurando tanto quanto possível lutar pelos interesses do Brasil, no campo ideológico e civil.
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Folha Online – É difícil carregar um nome não só longo mas com tanto significado em uma república como o Brasil e em um mundo globalizado?
Dom Luiz – De um lado é difícil, de outro a gente nasceu e foi criado para isso. Agora, traz uma responsabilidade muito grande. As pessoas olham para nós como quem deveria ser exemplos e nós devemos manter uma linha, uma dignidade, uma compostura para evitar toda e qualquer coisa que possa desabonar esse nome.
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Folha Online – O princípio da igualdade de nascimento ainda existe? Ou seja, os príncipes só se casam com princesas –e vice versa– se não eles têm de abrir mão da herança dinástica?
Dom Luiz – Na Casa Imperial do Brasil sim. Pelo seguinte: normalmente todo príncipe é educado não tanto em função de seus próprios interesses mas em função dos interesses de seu país e de seu povo. E os maridos têm de estar de acordo. E se fizer um casamento com uma pessoa que não foi educada desse jeito pode trazer uma série de complicações, erros e uma série de problemas. E para o bem do país, é preciso que eles sejam casados entre famílias principescas.
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Folha Online – Mas o senhor acha que é necessário mudar apenas os personagens ou o sistema político?
Dom Luiz – Eu acho que a monarquia ajudaria enormemente a resolver os problemas. Pelo seguinte: o soberano não é eletivo e, portanto, não está vinculado nem a partidos nem a grupos de interesses e nem a forças econômicas. O seu interesse é o interesse da nação. Por uma razão muito simples: se ele governar bem, quem vai se aproveitar disso é ele mesmo e seus filhos. Se ele governar mal, o castigo cai sobre ele mesmo e seus filhos. Quer dizer, o interesse do soberano e da nação formam um só e não há essa preocupação que há na república da próxima eleição. Isso não existe na monarquia. Mais uma vez eu digo: o interesse do rei e do imperador é uno com o interesse da nação e isso é uma coisa que tem também a capacidade de moralizar toda a política porque ele se torna um exemplo incorrupto e incorruptível para toda a nação. E por via de conseqüência, toda a máquina política a estrutura da nação se torna moralizada. Com isso, os problemas do país se resolvem muito mais facilmente sem que entrem rixas entre partidos políticos ou grupos de interesses. O soberano é um árbitro, é um juiz imparcial que pode ajudar a harmonizar tudo isso.
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Folha Online – Ainda assim o senhor acredita que a monarquia possa voltar?
Dom Luiz – Acho que sim. Não hoje, mas amanhã, a médio-longo prazo, pode voltar. E eu acho que vai voltar. Por causa da insatisfação do povo, porque há –não só no Brasil, mas no mundo inteiro– uma tendência a voltar às antigas tradições aos antigos modos de ser uma moralidade mais severa. Uma corrente muito forte tanto no Brasil como no exterior. E essa corrente no Brasil pode ser determinante num certo momento. Poderia ser um novo plebiscito, depende muito das circunstâncias. Uma coisa que nós não queremos é um golpe de Estado porque um golpe de Estado sujeita o soberano à facção que o pôs no poder e ele perde sua independência e o carisma próprio da monarquia.

Monarquia em Ação
Um grupo de amigos reunidos para divulgar, difundir, apoiar, os esforços de todos os brasileiros para restaurar a forma monárquica de governo.