Ação Monárquica Dom Bertrand Opinião

“Discutir a monarquia em Brasília traz protagonismo ao tema”, diz príncipe

Monarquia Brasil 2018

“Nenhum brasileiro diz de boca cheia que a República deu certo.” Com essa frase, o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, 77 anos, herdeiro do trono imperial do Brasil, resume o momento político que o país atravessa. “Voltar à monarquia é um caminho óbvio”, afirma.

Dom Bertrand, primeiro na linha sucessória do Brasil, defende a restauração da monarquia, a recuperação da Constituição de 1824 e acredita que a monarquia pode voltar ao poder

“Nenhum brasileiro diz de boca cheia que a República deu certo.”

Com essa frase, o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, 77 anos, herdeiro do trono imperial do Brasil, resume o momento político que o país atravessa.

“Voltar à monarquia é um caminho óbvio”, afirma.

Um dia após o Correio publicar reportagem que mostra o crescimento de grupos que defendem a restauração da monarquia — na capital federal são quase 12 mil pessoas —, o príncipe brasileiro saiu em defesa do movimento do DF. “Brasília é o foco das atenções da política do Brasil. A cidade discutir o assunto traz um protagonismo”, destaca.

Apesar da articulação de grupos simpatizantes, ele sabe que não é fácil voltar à cena política. Em 1993, os brasileiros rejeitaram a monarquia parlamentarista como forma de governo. Apenas 10% dos brasileiros apoiaram o regime — ficou em último lugar. Hoje, segundo Bertrand, se os brasileiros voltassem às urnas o resultado seria diferente.

“Hoje, a unidade da nação está destruída”, diz o príncipe (foto: Beto Barata Globo)
“Hoje, a unidade da nação está destruída”, diz o príncipe (foto: Beto Barata Globo)

Não tivemos a oportunidade de debater com os republicanos na época. Não houve uma campanha de esclarecimento. Com certeza o resultado agora seria outro”, explica. No DF, à época, 11,2% dos eleitores defenderam a monarquia.

Apesar de haver articulações para a monarquia voltar ao centro do poder, Dom Bertrand não apoia a criação de um partido monarquista, como defende parcela dos militantes. A saída, para ele, é resgatar a Constituição de 1824 — a primeira do Brasil e elaborada por um conselho a pedido do Imperador Dom Pedro 1º.

Dom Bertrand é o terceiro dos 12 filhos do Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), neto de Dom Luiz de Orleans e Bragança (1878-1921), bisneto da Princesa Isabel, e segundo  sucessor do atual Chefe da Casa Imperial do Brasil.

Solteiro, sem filhos e um do integrantes mais atuantes da Casa Imperial do Brasil — órgão que representa a família Orleans e Bragança — Dom Bertrand está de férias no Paraná, onde viaja por fazendas, e conversou com exclusividade com o Correio.

Veja os principais trechos da entrevista.

Qual o combustível para a juventude sair na defesa da monarquia? No DF, por exemplo, os simpatizantes têm entre 20 e 30 anos.

Nenhum brasileiro diz de boca cheia que a República deu certo. Ao jovem interessa um Brasil melhor, um país próspero. Hoje, a nação sangra. Isso justifica a busca do jovem por alternativas. Faz parte do momento histórico que estamos vivendo. Desde as manifestações de junho de 2013, vemos a presença da bandeira monarquista.

Mas o brasileiro tem certo ranço do Império…

Infelizmente, a nossa história foi deformada. O espírito da monarquia é nato do brasileiro. A República, com seus fracassos, está libertando os monarquistas. Ninguém confia na política atual, nas eleições, nos partidos. Com isso, onde eles chegarão?

Como o senhor encara o crescimento de grupos pró-monarquia em Brasília?
Brasília é o foco das atenções políticas do Brasil. Discutir o assunto na cidade traz um protagonismo. Tudo que se faz em Brasília há um repercussão colossal imediata.

O senhor participou em dezembro do ano passado de um evento pró-monarquia realizado em Brasília. Qual foi a sua impressão?
Fazemos encontros para discutir perspectivas e como a monarquia resolveria os problemas do Brasil.

E como seria?
Nós enxergamos o Brasil como uma família. Hoje, a unidade da nação está destruída.

Pensam em trabalhar para um novo plebiscito?
Não tivemos a oportunidade de debater com os republicanos na época. Não houve uma campanha de esclarecimento. Com certeza o resultado agora seria outro. O apoio seria bem maior.

Parte do militantes pró-monarquia defendem a criação de um partido. Como o senhor avalia isso?
A monarquia é suprapartidária. O parlamento é formado por quem tem mais voto popular. A monarquia indica o poder Executivo, como primeiro-ministro e o rei ou imperador tem o poder moderador. (O poder moderador se sobrepõe aos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, cabendo ao seu detentor força coativa sobre os demais).

O senhor defende a promulgação de um nova constituição?
É claro que a atual constituição não serve. Defendo a recuperar a constituição de 1824 (A primeira do Brasil e elaborada por um conselho a pedido do Imperador Dom Pedro 1º). Ela era mais clara, sucinta e bem elaborada. Dizer que ela é ultrapassada, os Estados Unidos, a Argentina e a Inglaterra usam constituições antigas e vivem uma realidade melhor que a do Brasil.

Os militantes pró-monarquia se auto intitulam “conservadores”. Dizem prezar pela família tradicional e pela religião cristã. Quais são os valores essenciais aos monarcas?  Como ficam os direitos de homossexuias, das mulheres, etc?

Ser conservador não é ser retrógrado. Prezamos as tradições. Todas as questões podem ser debatidas. Contudo, é essencial os direitos naturais, como a família, a livre iniciativa, a propriedade privada e o princípio da subsidiariedade e não da solidariedade.

A monarquia voltará ao poder?
Faço votos que o Brasil reencontre sua história. No período na República, houve avanços como o agronegócio, mas hoje a nação sangra. A monarquia voltará a ser o que era com a graça da divina providência.

Link original da matéria :
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/03/12/interna_cidadesdf,665563/discutir-a-monarquia-em-brasilia-traz-protagonismo-ao-tema-diz-prin.shtml

Grupo monarquista contam com apoio de quase 12 mil pessoas no DF (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)