Pedro Luiz Maria José Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança, 26 anos, era o quarto nome na linha sucessória do trono brasileiro. Faria escala em Paris, seguindo depois para para Luxemburgo, onde trabalhava há dois anos, em uma instituição financeira. Formado em Administração de Empresas, passara dez dias no Brasil em visita à família. É filho de Dom Antônio e de Cristina de Ligne, que moram em Petrópolis, e irmão mais velho de Rafael, Amélia e Maria Gabriela, que vivem no Rio. Segundo o pai, Dom Antônio, ele passou os dias de folga visitando os amigos, indo a reuniões preparadas para ele. Mas também foram a Petrópolis, jogaram golfe, tênis e futebol, seus esportes preferidos. “Ele era muito bom nos esportes. Torcia pelo Fluminense, como 100% da nossa família”, diz Dom Antônio. Também gostava de música, inclusive a clássica, um gosto compartilhado com o pai.
No domingo, depois de um almoço familiar, desceu a serra com pais e irmãos, que foram levá-lo ao aeroporto. “Conversamos sobre o trabalho dele, que há dois anos trabalhava em um banco francês, e também, coincidentemente, sobre fé e religião. Ele me disse que estava feliz e Deus era muito importante em sua vida”, afirma o pai. É a fé católica que tem mantido a família mais calma nesses dias de tragédia. Segundo Dom Antônio, todos estão unidos e rezando pela alma do filho e irmão querido. “Somos católicos de muita fé e respeitamos a vontade de Deus. Estamos rezando muito e isso tem nos ajudado muitíssimo. Muitas pessoas, em horas de sofrimento como esta, questionam erradamente a bondade de Deus. Penso que meu filho era bom demais, e talvez por isso Deus tenha o chamado para perto mais cedo. O problema é a saudade, que é muita”, diz.
Dom Antônio soube do acidente assim que acordou, por volta de sete e meia, na segunda-feira (1º). Assim que teve certeza do voo a que as notícias se referiam, contou à mulher, Cristina. No começo, acompanharam as informações sobre a tragédia com esperança de que o filho estivesse vivo. Com o tempo, porém, se conformaram.
Pedro Luiz era tetraneto de Dom Pedro II, trineto da Princesa Isabel. Sempre acompanhou o pai e os tios no movimento monárquico. Em 1993, no referendo que discutiu a restauração da monaquia, fez campanha ao lado do pai, chamando atenção por sua segurança e atitude com apenas 10 anos. Desde 1999 era presidente de honra da Juventude Monárquica. Em sua comunidade na internet – Causa Imperial – os quase 500 membros deixaram mensagens lamentando a perda do príncipe. Sua morte cancelou o 22º Encontro Monasquista, que aconteceria neste fim de semana, no Rio de Janeiro.
Além de Pedro Luiz, outro membro da família real viajou para a França pela Air France no domingo. No voo das 16h40, estava a princesa belga Alice Maria de Ligne, sua prima de 24 anos, que mora na Bélgica com os pais (ela é filha de Eleonora Orleans e Bragança com o príncipe de Ligne, Miguel de Ligne – por sua vez, irmão de Cristina, mãe de Pedro Luiz). “Os dois pensavam em ir juntos, mas não conseguiram. Então ela foi mais cedo”, diz Dom Antônio.
Dom Antônio de Orleans e Bragança – Conformados. Somos católicos de muita fé e respeitamos a vontade de Deus. Estamos rezando muito e isso tem nos ajudado muitíssimo. Muitas pessoas, em horas de sofrimento como esta, questionam erradamente a bondade de Deus. Penso que meu filho era bom demais, e talvez por isso Deus tenha o chamado para perto mais cedo. O problema é a saudade, que é muita.
Dom Antônio – Tenho o costume de ligar a televisão para ver notícias assim que me levanto. Na segunda de manhã não foi diferente. Já trocando de canal, vi uma informação pela metade sobre um problema com avião da Air France. Mas não sabia origem e nem destino. Num outro canal, fiquei sabendo que era Rio-Paris. Preocupei-me duplamente, já que, além de meu filho, que tinha partido no voo das 19h30, minha sobrinha Alice tinha ido no voo anterior, de 16h40. Quando soube que era o de Pedro Luiz, chamei a mãe dele. Pedi que ela se sentasse e contei que o avião estava desaparecido. Ela é uma pessoa extremamente calma, mas, como mãe, era impossível que não se desesperasse. Desde então estamos acompanhando tudo. No começo tínhamos esperança de que ele voltasse. Agora essa esperança se foi.
Dom Antônio – Eu, minha esposa e nossos outros três filhos. Havíamos passado o fim de semana em Petrópolis. No domingo de manhã jogamos golfe e, coisa rara, meus filhos quiseram ficar no meu time. Depois almoçamos e descemos a serra, indo direto levá-lo ao aeroporto. Conversamos sobre o trabalho dele, que há dois anos trabalhava em um banco francês, e também, coincidentemente, sobre fé e religião. Ele me disse que estava feliz e Deus era muito importante em sua vida.
Dom Antônio – Como pai, sou suspeito para falar. Mas quem conviveu com ele também dizia que era um rapaz espetacular. O chefe direto dele me telefonou da Europa para dizer que havia perdido um filho. Os amigos estão inconsoláveis. Ele gostava muito de esportes. Além de golfe e tênis, também jogava futebol muito bem. Torcia pelo Fluminense, como toda nossa família.Também gostava muito de música. Da música moderna, como todo jovem, mas também da clássica, o que era uma fator de união muito grande entre nós. Ele viajava de carro pela Europa ouvindo música clássica e muitas vezes me telefonava e colocava o celular perto da caixa de som para que eu ouvisse o que ele estava ouvindo. Era muito bonito. Vou sentir muita falta disso.