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Entrevista de Dom Bertrand a Marco Bissoli

Dom Bertrand Orleans e Bragança sai em defesa da civilização cristã

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“O grande problema de muitos anticomunistas é que sabem o que não querem, mas não sabem o que devem querer, que é a restauração da cristandade”, afirma Dom Bertrand Orleans e Bragança.

Bisneto da princesa Isabel, segundo na linha de sucessão caso o país ainda fosse uma monarquia e Príncipe Imperial do Brasil, dom Bertrand Maria José Pio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança e Wittelsbach, de 75 anos, é um homem de olhar grave, gestos contidos e uma simpatia que cativa a cada um de seus interlocutores.

Amigo pessoal do incontestável líder católico no país, Dr. Plínio Corrêa de Oliveira (1908-1995) – fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), ele enfrentou o processo revolucionário no Brasil nas ultimas décadas com determinação, baseando-se, sobretudo, nas promessas feitas aos pastorzinhos de Fátima, em Portugal, no ano de 1917, na qual Nossa Senhora afirmava que seu Imaculado Coração triunfaria sobre as maldades do mundo.

Trineto do Imperador Dom Pedro II, dom Bertrand lançou recentemente o livro “Psicose Ambientalista”, no qual refuta com base em cientistas renomados o discurso ambientalista, movimento que visa com base numa infundada teoria de proteção da natureza violar e até extinguir o direito de propriedade, cercear a produção e progresso, bem como criar uma nova governança mundial, acolitada por uma religião panteísta e miserabilista.

Veja a seguir a entrevista concedida por ele ao blog durante o XII Simpósio da Associação do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO), em São Bernardo do Campo, ABC paulista, no último mês de fevereiro.

Qual a importância da realização desse XII Simpósio da Associação dos Fundadores e do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira?

O simpósio se realiza dentro de um contexto histórico da maior importância. Ele tem em vista atualizar os melhores amigos do IPCO n consideração de como caminha o processo do embate entre a Revolução e a Contra-Revolução (termos aqui utilizados conforme o livro de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira: Revolução e Contra Revolução). A ideia é que eles se preparem no seu dia-a-dia para atuarem no sentido da contra-revolução, isto é, combater tudo aquilo que visa destruir a civilização cristã. Nosso dever é defender e lutar no campo das ideias pela restauração da civilização cristã.

Por que o senhor tem se mostrado contra o discurso ambientalista hoje?

Para entendermos a situação da ecologia é preciso entender que os “vermelhos” ficaram “verdes”. Com o fracasso dos países comunistas, os comunistas não têm mais coragem de se dizer como tal, mas ecológicos. No fundo, acabam sendo como melancias: verdes por fora e vermelhos por dentro. O que eles querem é uma situação ecológica, uma mentalidade anti-religião, que visa criar um panteísmo, uma inversão de valores. No primeiro livro da Sagrada Escritura, Genesis, o que nós lemos que Deus Nosso Senhor criou o homem e uma mulher para crescerem e se multiplicarem e criou outras coisas para que os homens se sirvam delas para se alimentar. O homem com relação à natureza, ele não é o predador, mas o jardineiro de Deus. Os ecologistas dão a entender que o homem é o grande predador da natureza, que, para eles, neste caso, é deus.

Recentemente o senhor enviou uma carta ao Vaticano mostrando-se preocupado com as ações praticadas pelo Movimento Sem Terra (MST). O senhor obteve resposta?

Lamentavelmente não. O Vaticano promoveu em Roma um encontro de membros do Movimento Sem Terra (MST) e de ecologistas, hoje aceitos como verdadeiros mitos. O Papa Francisco I chegou a receber na ocasião o presidente do MST, João Pedro Stédile, fato que é um verdadeiro absurdo. Ele está por trás de invasões de propriedades e violações de bens dos outros. Perante Deus e a Justiça ele responde por tudo isso.

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O príncipe e os irmãos reunidos com o pai e a mãe, Maria Isabel da Baviera/Foto arquivo pessoal.

Qual o maior desafio para o combate à Revolução hoje em dia?

A gente poderia dizer qual é o grande desafio da Revolução hoje, pois ela está fracassando. A juventude está despertando para a volta da cristandade. Seu eu fosse de esquerda e comunista eu estaria com a barba de molho porque veria que o que existe de melhor na juventude é o fato dela buscar algo diferente. É algo que nunca houve nos últimos tempos. A maioria da população também está contra a esquerda. Basta ver as manifestações no Brasil e na Itália, onde centenas de milhares de pessoas marcharam em favor da família.

Como o senhor observa a onda conservadora e liberal propagada por figuras públicas como os jornalistas Reinaldo Azevedo, e os filósofos Luíz Felipe Pondé e Olavo de Carvalho?

Eles têm uma posição boa, são batalhadores e são francamente elogiáveis, só acho que eles deveriam dar maior conotação sobre a restauração da cristandade. O grande problema de muitos anticomunistas é que sabem o que não querem, mas não sabem o que devem querer, que é a restauração da cristandade.

Qual o balanço que o senhor faz do governo impetrado pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil nestes 13 anos?

Vejo aquilo que todos os brasileiros veem: há uma agenda de destruição da cristandade. Em todas as suas leis há um denominador comum: a destruição da cristandade, da família, corrosão da propriedade, da tradição etc. O fracasso desse governo foi total. Nunca se viu tanta roubalheira nesse país. O Fato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ter apoiado esse governo é lamentável. Nosso problema é moral e religioso. A solução é restaurar a única religião verdadeira que é a Católica Apostólica e Romana.

Gostaria que o senhor nos deixasse suas considerações finais.

É preciso que não nos deixemos iludir pela situação atual. A única solução está naquilo que rezamos todo dia durante a oração do Pai Nosso. Precisamos restaurar uma civilização que respeite os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Que problema haveria nela? Criminosos, ladrões, imoralidades? Não! Seria uma antecâmara do Céu, o reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Dom Pedro Henrique (no colo da princesa Isabel em um retrato de 1909)/Foto arquivo pessoal.