Uncategorized

A mão intacta da rainha morta há 679 anos

04 DE JANEIRO DE 2016

Este ano vai ser possível venerar a mão, praticamente intacta, da Rainha Santa Isabel, no túmulo que está sepultado no Mosteiro de Santa Clara a Nova, em Coimbra, ou como também é conhecido no Convento da Rainha Santa Isabel.

Agência Ecclesia
Miguel Midões

Só com ordem do bispo é que a mão intacta da Rainha Santa pode ser mostrada e, para isso, é necessário uma ocasião especial.

Este ano, de 1 a 13 de julho, os fiéis, ou simplesmente os curiosos, podem ver a mão da rainha, beijada durante séculos pela família real portuguesa.

O motivo de correr a cortina e deixar à vista a mão é porque se comemora, este ano, os 500 anos da beatificação da Rainha Santa.

Quase 300 anos depois da sua morte, dizem os autos oficiais da primeira abertura do túmulo em 1612, que o corpo estava “mui são, inteiro e sem corrupção, de maneira a que a cabeça estava com os cabelos inteiros, louros e sãos, de maneira que pegando por eles estavam fixos. A testa e todo o rosto coberto pela mesma carne, muito alba e bem proporcionada, com nariz, orelhas, olhos e boca, sem corrupção”.

Aquando desta abertura provocada pelo processo de canonização, médicos, professores da Universidade de Coimbra e entidades religiosas levantaram a mão para testemunhar o inédito.

O túmulo passou a ser visitado pelos membros da família real em cada deslocação que faziam a Coimbra, para beijar a mão da rainha.

Um túmulo, conta António Rebelo, presidente da Confraria da Rainha Santa, difícil de abrir porque “sempre que alguém da família real vinha a Coimbra trazia uma das chaves, porque o túmulo tinha três chaves: uma confiada ao bispo de Coimbra, outra à abadessa e outra ao rei”.

Em 1852, D.ª Maria, rainha de Portugal, visitou o túmulo e decidiu mandar trocar as mortalhas da rainha que é santa. Quando o fizeram “despiram o corpo com receio que os ossos se desconjuntassem, mas nada aconteceu. O corpo estava íntegro, as carnes bem consolidadas, os ossos muito bem colocados”, explica.

Nos anos 30, já com a república e sem expectativas de se voltar à monarquia, o corpo que permanecia intacto foi mandado isolar, deixando apenas à vista a mão direita. “Nós apenas removemos uma cortina que deixa ver a mão, porque dizem os antigos que nunca foi exposta sequer às pessoas da família real seus descendentes mais do que a mão para a beijarem”, acrescenta.

Já este ano, nas duas primeiras semanas de julho, a mão da Rainha Santa Isabel volta a poder ser vista. “Admirar olhando por um óculo de vidro poderão ver a mão direita, a mão benfazeja da rainha Santa, que era a mão que praticava as boas ações pelas quais ela ficou conhecida ao longo da história”.

Uma mão seca pelo tempo, mas ainda com carne ligada às ossadas, que é descoberta, com autorização do bispo, apenas em ocasiões especiais.

Este ano é o Ano Santo da Misericórdia e comemoram-se os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel.

As últimas descobertas da mão aconteceram em 2012 aquando da celebração dos 400 anos da primeira abertura do túmulo; em 2000 porque foi ano de jubileu e em 1996, nos 300 anos da sagração da igreja da Rainha Santa.

A rainha que ficou conhecida como pacificadora; uma mulher culta dedicada à arte, à arquitetura e à liturgia, mas sobretudo notabilizada pela ação sócio caritativa, sendo considerada a rainha amiga dos pobres.

A Confraria da Rainha Santa Isabel espera que milhares de pessoas passem pelo Mosteiro de Santa Clara a Nova, para ver a mão praticamente intacta da Rainha Santa Isabel, que morreu há 679 anos, entre 1 e 13 de julho deste ano.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

WordPress Anti-Spam by WP-SpamShield